segunda-feira, 1 de junho de 2009

Associação Livre

A praga do pragmatismo. *
A vida como não deveria ser, mas é.


Então é isto, terminamos 2008 com o AK na presidência.

Ouvi falar de Fabio Fonseca, vivi Nelson Campos 71, Walmir Pereira 77 e Elias Kalil 80. E depois? Períodos tumultuados e obscuros tal a cara do Paulino. O olho de Paulo Cury para lidar tão somente com o futebol, sua queda, e a partir daí a entourrage do mercado predatório na qual AK transitava.

Enfim, na nossa festiva e tropical perversão, tudo acabou em Ziza.

Aí então, sem dúvidas, sai da sombra o personagem mais polêmico da história recente do Galo e herdeiro daquele que nos anos 80 consolidou a marca Galo no imaginário geral. Acusam-no os justicialistas, genuínos ou de ocasião que ele participou da nossa tenebrosa história recente.

Concordo, um dia espero que “vocês” democratizem o Galo, da mesma forma que Adilson Monteiro, Sócrates, Casagrande, Vladimir e outros democratizaram o Corinthians. Também, da mesma forma que a dinastia Fernando Carvalho usufruiu do marketing democrático através do projeto político-financeiro Sócio Torcedor do qual sou favorável que se implante no Galo, mas não de forma intempestiva e irresponsável (isto é uma outra história que aponta para a estrutura administrativa do clube).

Apesar deste terrível pecado mortal, AK se educou Atleticano. Criou-se na atmosfera alvinegra conduzido por seu pai, numa tradição étnica.

Após a renúncia do Ziza quais eram as perspectivas? Seria o anódino Bias Fortes, também filho de um lendário ex- presidente e que, ao contrário do AK, ninguém em sã consciência sabia de quem se tratava e seu vice presidente “Paulinista”?

Num jogo preconcebido e assim bem definido pelo fabuloso samba Pistom de Gafieira: “quem ta fora não entra e quem ta dentro não sai...” diga ai malandragem, apostar em quem?

Da mesma forma que não espero que o Papa pregue a favor da sexualidade e seus produtos conexos, também não vou esperar que Kalil faça a revolução. Kalil conhece o Galo em suas mais obscuras entranhas e sabe em quais pode entrar ou não. Sabe como todo caudilho lidar com o ambiente político do Galo. Tem sua visão do futebol formada desde sua exterioridade até o “sub-fundo” do vestiário, tem a sua concepção empresarial para lidar com o mundo da bola. O que ele tem de diferente? Tal como o pai o espírito Atleticano aliado a um saudável e autentico narcisismo alvinegro, uma identidade Atleticana inexistente nos nossos últimos presidentes.

Entendo que o momento que o Galo atravessa é necessário a paz, mesmo que armada, como toda paz é conseguida....

Centralizador, falastrão, mão de ferro, paternalista, equivocado, reacionário, precipitado, o deus e o diabo na Cidade do Galo. Nada de novo no front?

Nada, mas é o melhor que ta tendo.
***
* Texto enviado pelo Blogueiro Tom.

4 comentários:

Gus Martins disse...

Tom, não só admirei como concordei.
Destaco o seguinte: "O que ele tem de diferente? Tal como o pai o espírito Atleticano aliado a um saudável e autentico narcisismo alvinegro, uma identidade Atleticana inexistente nos nossos últimos presidentes."
Este diferencial, me parece ao mesmo tempo sua maior qualidade e maior defeito. Como em toda ambivalência do amor, AK situa-se (às vezes perdido) na linha tênue entre o possível e o desejável, entre o dito e o que é feito, entre o comando e a massa, entre o Galo Forte Vingador e o Clube Atlético Mineiro.
Mas como ressaltou o tom, ele tem suas visões e convicções e, provavelmente nunca as deixará de lado - e isto nem é o necessário.
Talvez o fantasma que ronde sua cadeira presidencial seja justamente da imagem do Kalil pai. Pois entre pai e filho, a despeito das diferenças, sobrevive o ideal. A questão que me coloco é se - assim como todo filho - nosso atual Kalil conseguirá deixar um pouco de lado esta imagem e quem sabe, reinventar seu lugar neste front...

Tom disse...

Gus, seu comentário é que foi perfeito, me enriqueceu e esclareceu o que eu tentei comunicar.

Jason Urias disse...

Freud... Ou seria Lacan?? hehe

Sensacional o comentário, Gus. Preciso.

E sensacional o texto, também, Tom. Parabéns!

Borusso disse...

[8)]Mandow benzaço, Tom!! Me fez entender melhor a conjuntura alexandrina.

Que ele, como mostrou o Gus no preciso complemento, reinvente seu lugar no front sim.