É mais do que tradicional comemorar o aniversário, seja de vida de alguém, de alguma instituição, uma conquista, ou qualquer bobagem que o festeiro deseje evocar à memória. Hoje com certeza não podemos falar de grandes conquistas. Elas andam sumidas desde sei lá quando.
Mas, uma vez que uma paixão como esta é para poucos (na verdade muitos, na maior de MG), fazemos aqui uma homenagem ao centésimo segundo ano do Glorioso. E, como se trata de uma homenagem à paixão alvinegra, peço licença para homenagear também aquele que tão bem conseguiu expressá-la, trazendo aqui, na íntegra, a última homenagem de Roberto Drummond, publicada no jornal Estado de Minas, no aniversário do glorioso em 2002. Esta se encontra também no livro "Uma paixão em preto e Branco" (de onde tirei o texto), organizado por Alexandre Simões e que inaugura uma nova sessão do FEF, logo no menu à esquerda.
A última homenagem de Roberto Drummond ao Atlético, no dia do 94º aniversário de fundação do clube, menos de três meses antes da sua morte.
Amor Branco e Preto
Não digam que eu sou branco. Que eu sou negro. Que eu sou amarelo. Que eu sou vermelho. Branca e preta é a minha pele, e o Atlético é o sonho meu. Se eu procurar o amor, e disserem que o amor morreu. Se tentar cantar e souber que a canção acabou. Se for trabalhar, e falarem que eu não tenho mais trabalho. Se eu procurar meu pai e informarem que meu pai morreu. Se chamar pela moça amada, e for em vão minha procura. Se sentir sede, e não houver mais água. Se tudo for assim, mesmo sem uma canção, ainda assim cantarei e gritarei: Galo. O Atlético é como o pai da gente. É água na hora da sede. É o ombro amigo onde você pode desabafar suas mágoas. Se me mandarem para uma ilha deserta, ainda assim eu não estarei só, porque o Atlético vai comigo. Se eu for pra China. Se eu for pra Conchinchina, Coréia ou Japão. Em lugar algum, cercado de estrangeiros, eu não me sentirei só porque o Atlético vai comigo. O Atlético me ensinou a amar o mundo. Viva o Campeão do Gelo. Viva o Atlético de todos os times. Viva o time de Kafunga, Murilo e Ramos (depois Osvaldo), viva o grande Mexicano, um viva para o Zé do Monte e Silva (que morreu tuberculoso), viva Carango, depois Afonso Bandejão. Com Lucas, que fazia gols ao apagar das luzes, escrevo esta crônica. Prossigo com Lauro, que ainda vive, com o meu herói e amigo Carlaile e seus gols de bicicleta, com Lero (depois Alvinho) e Nívio, que era de Santa Luzia, eu sigo em frente. Não sou do PT, nem do PSDB, nem do PPS ou PC do B. Do PFL ru não sou. Eu amanheço Lula e anoiteço Serra. Fico indeciso em quem votar. Só o Atlético é minha verdade. Amo a moça loura. Amo a morena. A moça negra eu amo. Mas a moça alvinegra é que mora no meu coração. Já mudei de tudo neste mundo. Mudei de cidade. Mudei de partido político. Mudei de religião e ao catolicismo voltei. Já fui ateu e acreditava em Deus. Coisa de mineiro. Mudei de casa. Mudei de amor (e a uma mulher morena voltei). Eu só não mudei de time: faça sol ou faça chuva, anoiteça ou amanheça, na alegria e na dor ,eu só não mudei de time. O Atlético é meu café da manhã. É o cigarro que não fumo. É o sono que eu não durmo. É minha insônia e minha canção. É meu primeiro e meu último amor. Eu sou como o atleticano. Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento.
Mas, uma vez que uma paixão como esta é para poucos (na verdade muitos, na maior de MG), fazemos aqui uma homenagem ao centésimo segundo ano do Glorioso. E, como se trata de uma homenagem à paixão alvinegra, peço licença para homenagear também aquele que tão bem conseguiu expressá-la, trazendo aqui, na íntegra, a última homenagem de Roberto Drummond, publicada no jornal Estado de Minas, no aniversário do glorioso em 2002. Esta se encontra também no livro "Uma paixão em preto e Branco" (de onde tirei o texto), organizado por Alexandre Simões e que inaugura uma nova sessão do FEF, logo no menu à esquerda.
A última homenagem de Roberto Drummond ao Atlético, no dia do 94º aniversário de fundação do clube, menos de três meses antes da sua morte.
Amor Branco e Preto
Roberto Drummond
4 comentários:
Drummond, verdadeiro imortal da 'academia alvinegra de letras'. Grande intérprete desta imensa nação atleticana.
Parabéns, Glorioso Clube Atlético Mineiro!
Vento era antes, agora temos que torcer contra furacões, tufões, ciclones... Mas fazer o quê? Continuamos torcendo de qualquer jeito!!!
Vida longa ao Galo!
Alguém viu o vídeo que a TV Galo fez para comemorar o 102 anos do galo? Os dizeres do Kalil são realmente o ponto final para o trofeu Mãe Dinorah! Mas, ao vê-lo não teve jeito... Arrepiei! Salve salve glorioso!
Para os que não viram:
http://www.youtube.com/watch?v=KoBa9OvkAkA&feature=player_embedded
Estou pronto para os próximos 102
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