quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Tempo

Belo Horizonte (Dezembro, de verdade) – Desde muito antes da idéia de se inaugurar este blog, o Gus, o Herberth e eu sempre criticávamos a política esdrúxula das contratações de jogadores “na baciada”. Desde “os tempos mais primórdios”, mais precisamente por volta de 2004, que temos visto, com mais freqüência, números que beiram o surrealismo no que diz respeito à quantidade de atletas tidos como reforços. Não me lembro agora os números dos anos anteriores (aqui diz que foram 42 entre 2004 e 2005), mas o portal Superesportes traz os dados atuais: no ADC (ah, o ADC...), foram nada menos que 27 jogadores contratados. Destes, apenas 10 terminam a temporada no clube e menos que isso foram razoavelmente aproveitados.

A turma que não deu nem pro gasto... Arquivo/EM/D.A Press
Tudo isso é indício de má, não, péssima gestão de contratações. Jogadores contratados por DVDs levados por empresários gananciosos, preguiça para avaliar cuidadosamente o potencial técnico dos jogadores, pessoas incapacitadas para assumir determinadas funções, sem a menor competência para realizar tais avaliações, brigas políticas e egóicas, covardia, mentiras. Em suma, uma verdadeira desorganização administrativa somada à imensa incompetência avaliativa, tudo resumido em uma só palavra: irresponsabilidade.

Quer mais exemplos? Jorge Gontijo/EM
Por isso ultimamente eu tenho pensado muito na questão da contratação de técnicos. Ou na questão do rodízio de técnicos. Na Galo, salvo engano, desde 92 um técnico não permanecia mais de um ano no comando do time, até o Levir no ano passado. Não creio que seja possível fazer um trabalho satisfatório somente com 6, 7 meses de trabalho, como tem acontecido muito. A cultura predominante, hoje, é a de resultados, o que é até correto, mas o que não é compreensível é a forma com que os resultados são cobrados. Os gestores se eximem da culpa na hora de avaliar o trabalho do técnico de futebol e a corda acaba arrebentando para o
lado deste último, o que é uma tremenda injustiça. Como cobrar resultados do Leão, do Gallo e do Marcelo com as ferramentas que eles tinham disponível?
Que não volte nunca mais. Beto Novaes/EM/D.A Press
Entretanto, simplesmente dispor de boas ferramentas não é o suficiente e é neste ponto que pretendia chegar. Um dos fatores predominantes na obtenção de sucesso nos resultados, a meu ver, é o tempo. È ele que fornece uma visão mais ampla do conjunto; é ele que dá chance ao amadurecimento do contexto, isto é, dá chance ao famigerado entrosamento, que nada mais é do que o aprimoramento da experiência DE e DO grupo, de cada indivíduo com seus pares e com seu comandante. Este, por sua vez, pode, com o tempo, encontrar configurações mais eficazes para determinadas situações, pode elaborar melhor o funcionamento do sistema de forma que o rendimento cresça através da escolha correta das “ferramentas” certas para as situações certas, pode extrair de cada um seu potencial adequando-o à situação mais propícia às qualidades individuais dos membros. Em outras palavras, é o tempo quem permite que o sistema atinja seu funcionamento ótimo.

Assim, nós retornamos ao ponto que tenho defendido muito aqui no FEF ultimamente: o sistema. Se o gestor se responsabilizar pelos resultados, junto com o técnico, com a comissão técnica, com os jogadores, com as pessoas que auxiliam o presidente na gestão do clube e, principalmente, com a torcida, será possível alcançar um sucesso muito mais sólido, mais efetivo. É somente a partir do momento que todos aqueles que estão inseridos neste sistema se implicam como engrenagens funcionais capazes de alterar o andamento do conjunto que será possível caminhar à frente. Nós esperamos, sinceramente, que o Kalil tenha percebido que, sozinho, não poderá realizar nada além de manter a caminhada
rumo ao fracasso permanente. Que ele tenha avistado a esquina. Vire, Kalil, e tome um novo rumo, uma nova estrada.

Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press
Sim, meu caro, o trabalho é árduo. Pode arregalar os "zóio até no branco".

2 comentários:

Gus Martins disse...

Pois é. Já dissemos várias vezes que as partes de um sistema são interdependentes. A mudança de uma interfere na posição da outra.
Mas é inegável também que algumas se sobressaem (e assim mesmo deve ser). Por exemplo: Em uma família, Pai e Mãe prevalecem mais que filhos, uma vez que são a autoridade da casa.
No Galo não é diferente. O Sr. Kalil deve ter a consciência de que é peça chave no sistema, ver o quanto "o traalho é árduo", "arregalar os zóio até no branco" e carregar a parte mais pesada do fardo com firmeza e sabedoria.
Dessa forma é possível que as demais partes se reorganizem a partir de uma referência mais interessante e saudável.

Borusso disse...

Excelente reflexão![8)]!!
O país alvinegro tem sido esmagado há 4 anos pelo Caminhão de Contratações erregêense. [:(]Tudo pro Sr. Burns catar nosso precioso Mall ou quiçá o club pra si.

Fundamental o que percorreu o Jason, de amadurecer o contexto pelo agente do tempo!! Na disputa do Ano I, Galo parece ter largado atrás. Os otros clubs têm se reforçado, e tendem a atingir o entrosamento antes.

Hahaha...manêra a foto! Ao estadista ñ faltarão motivos pra arregalar os zóio ao longo da estrada nova.