terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Das lourdices atuais e das pampulhadas futuras

Belo Horizonte (Dezembro...) - Tardou, mas não falhou. Enfim nosso ilustre 'blogalo' Borusso estréia o divã e associa livremente, passeando pela história e pela vida política, esportiva e administrativa do CAM. Ótimo texto!


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A Capital das Alterosas. Dezembro do Ano I. Mês em que o Atlético, a exemplo dos clubes de futebol, não pára, mês que ele costuma tirar para irrefletir e adotar novas medidas visando a se portar simultâneo como o clube bem tocado e o clube com faixa no peito e taça no armário que se deseja celebrar em... Dezembro do Ano II.

Mês de farta celebração para as torcidas de clubes que a exemplo do CAM só em retornar vitoriosos ao cruzar o Oceano. Tais como principalmente o S. Paulo, e o Flamengo, Dupla Gre-Nal, Santos, etc .

No mês de Junho outras medidas a direção do Galo quis adotar, percorrê-la-emos mais adiante.

Decênio de 1950. Maracanazzo. Um escrete comandado por um treinador bonachão e com bom auxílio dum cartola arrojado; treina para resgatar o prestígio do futebol nacional. Lança-se à travessia do Atlântico, enquanto no Brasil a torcida seguia a Rádio Continental em busca de notícias dos guerreiros. Que lá triunfaram em... Dezembro.

Quase oito anos depois parte do Brasil à Europa outra delegação, desta feita para concorrer em outro torneio. Na Suécia.

Terra de louras de cair o queixo. Do Abba ao som de cujos hits Dom Reinaldo I no pós-Hexa™ embalava suas tramas no intuito de defender a camisa do Häcken. Dos singulares tenista Björn Borg e conjuntos Hellacopters e Roxette. Da princesinha dos Cardigans. Suécia que nos deu Bergman!

Além de Nils Bejerot. Uai, quem é Nils Bejerot? Um criminólogo e psiquiatra que ajudou a polícia a combater o assalto ao Kreditbanken de Norrmalmstorg em 1973. Em uma transmissão para uma emissora de rádio, Nils cunhou o termo “Síndrome de Estocolmo” para designar uma ocasião quando o refém de seqüestro desenvolve uma afeição ao seu captor.

Todavia, foi na Califórnia que a síndrome ganharia o mainstream: a então jovial e melíflua universitária Patty Hearst é em 1974 no prédio de seu dormitório em Berkeley raptada pelo Exército Simbionês de Libertação (SLA). O que uma milícia dessa natureza ia querer com a Patty? É que seu avô era o magnata William Randolph Hearst do ramo das comunicações. É, meu chapa... as coisas iam mudar pra valer.

Mais adiante saber-se-ia que a garota ao longo do seu cativeiro fora vendada, abusada, presa num armário estreito e submetida a um programa orquestrado de lavagem cerebral.

Em coisa de dois meses Patricia Hearst anuncia numa fita gravada sua filiação à mesma guerrilha que a seqüestrou.


E que se apropriaria do nom de guerre Tania. A Síndrome de Estocolmo chega à sua atuação plena. Em doze dias Patty é fotografada empunhando uma Carabina M1 num assalto a um banco de São Francisco que pertence à família de sua amiga de infância. Presa, durante seu julgamento ela se recusava a dar provas contra os outros membros capturados do SLA.

Trinta e cinco anos decorridos, em Junho do Ano I DC (Depois do Centenário) o Atlético Mineiro se encontra às voltas com uma oferta do ácaro, digo... da administradora Multiplan (aquela cujo único elemento belo é o trevo que serve de emblema aos shoppings centers que ela controla). Tal súcia administra o nosso Mall, um dos principais componentes do Patrimônio Alvinegro.

A firma que toma conta da Alameda dos Diamantes deve ao Galo quase R$19.000.000,00.

Foi nesse Junho que uma discussão sobre a mais nova arapuca montada pelo grupo combustou na opinião pública, uma vez que esta foi excluída do acordo de bastidores que vinha sendo urdido com a direção atleticana três meses antes, e quando foi enfim chegar às páginas dos jornais estava em cima da hora para o Conselho Deliberativo atleticano votar.

Discussão que a certo ponto, catalisada pela carência da Massa e pelo lobby dos correligionários kalilistas, acenava para o Atlético montar um esquadrão mui acima dos outros concorrentes no país. Montagem inviável com os R$650.000,00 adicionais que a Multiplan ofereceu ao que já pagava. Oferta vil travestida de fazer do Galo a nova potência do futebol brasileiro.


A oferta consiste em estender à administradora o contrato de arrendamento do Mall por treze anos. Para isso os multiplânicos adoçariam o bico do Galo com R$1 milhão por mês ---o correspondente ao sujeito flagrado no Museu Nacional levando um Portinari pra casa e prometer ao vigia um pôster do Jornal Aqui mensalmente pra ele nada contar--- até Novembro de ’11.

Haveria no pacote uma proposta ignominiosa feita para o Alvinegro (pasmem!) abrir mão do que tem a receber do grupo em troca das luvas. No entanto seria preciso ler o contrato para ver se o proponente teve esse desplante mesmo.

O Atlético tem, sob o contrato atual, o direito à posse definitiva do Diamond no Ano XVIII(ou 2026). Segundo o novo contrato, o Carijó se tornaria dono apenas no longínqüo ano de ’39.

O adicional oferecido pela administradora é luva para renovação.

Pois bem, houve queixas na Massa; e somadas ao clima cinzento no Conselho à medida que o Auditório se enchia para votar, tais queixas ajudaram para a proposta ser retirada.

Até líderes galocastianos que normalmente seguiam um implícito kalilismo, divergiram do caudilho dessa vez e consideraram-no precipitado.

A Nação Atleticana pode esperar meses tenebrosos adiante. O júbilo da 1ª Batalha ganha não esconde que a administradora vai voltar bufando à carga, com aumento da esmola oferecida.

O Alberto Lima Vieira, que votou no Alexandre, foi contra a proposta inicial. Embasei-me neste link, porém ele estranhamente saiu do ar. A cena apavorante que se desenha é nas próximas tentativas a posição do sábio Alberto não ser acatada pela maioria dos conselheiros.

Renovar com Multiplan é bancar a Patty Hearst demais da conta. E ao mesmo tempo não nos espantaria... num clube que abarca malincheros do naipe do Édson Simão... que simultaneamente é conselheiro do Galo e advogado da administradora...

A Multiplan é menos confiável que o Ricardo Guimarães. Há dez anos os lojistas do Mall já suspeitavam dela. O Galo se queima por tabela aí, pois sua imagem está vinculada ao Diamond.

Os comerciantes do shopping foram esbulhados num compasso de R$250 mil a cada mês, conforme mostrou o laudo técnico referente às cobranças indevidas de encargos do condomínio entre 1996 e 2007, o que perfaz quase R$36 milhões ao final do período analisado.

Entrou-se, qual 3-5-2 bem consciente, com uma ação cautelar de exibição de documentos para tal conclusão ser atingida. E tinha início um longo período de disputas judiciais para enfim a administradora abrir sua contabilidade mediante intervenção de abril de 07 do Superior Tribunal de Justiça(STJ).

A luta começada em 99 valeu a pena também porque levará a relações mais transparentes entre os donos das lojas e os empreendedores que estão à frente da gestão dos shoppings brasileiros.

Todo o debate poderia ser resumido na pergunta que um amigo fizera quando o negócio pipocou: “A Multiplan proporia algum acordo em que o Galo levasse a vantagem?”

A tintura do contrato escondia quase treze anos que adulteram a alegria de times supimpas formados a tiracolo da descapitalização atleticana.

Que no Ano XIX('27) esse grupo nunca mais tenha relação alguma com o CAM. Daí o clube chama outra administradora para tocar o Mall.

Já na cancha o panorama que se nos descortina é menos tenso.
Embora o muriqui original corra grave risco de extinção, o contratado pelo Atlético é de uma estirpe de futebolistas que se acha bastante no país. Longe de um craque, um atacante de boa movimentação e de significativa contribuição na campanha no Avaí na Liga Nacional passada.

Sem embargo, é um atleta com grande porcentagem do passe ligado à Traffic. Nosso atual coach tem gostado muito de jogadores assim.

Uma faca de dois legumes.

É plausível apostar no Leandro Bochecha, ainda que com pequena lesão, como um progresso na lateral-esquerda.

Ainda sobre o técnico, as análises mais completas com relação ao Bestial já foram cá feitas. Dos contras, destacaria somente que Luxa relegou o futebol ao 4° plano.

É visível nele um coach querendo ser Manager. São ululantes as críticas de palmeirenses e santistas, torcidas dos últimos clubes em que ele passou, sobre seu declínio.


E dos prós, o Madureira dá preleções ótimas e faz perspicaz leitura da partida. Injeta um gás legal nos seus jogadores. Gosta de atuar ofensivamente. Uma grande vantagem do Bestial em comparação ao Roth, por exemplo.

E por fim trouxe consigo o Melo, que é na preparação física altamente conceituado.

9 comentários:

Tom disse...

Este é o Boris que conheço faz tempo e que tb me apresentou o FEF.
Foi se lembrar da Paty cujo pai era considerado o Tio Patinhas da época, não só pela grana , mas tb pela sovinice. Se não o Fef , Freud explica...rsrsrsrs.
Delicioso degustar este texto
De Hearst à Madureira, é uma viagem, sem enjôo...

Afonso Pena¹³ disse...

Marcus Annius Verus Gaius Antoninus Germanicus Caesar Augustus Bori's Borrussus.

Der ReichsFührer

um tanto quanto cansativo é verdade, mas ao mesmo tempo fantástico e repleto de verdades insanas.



simplesmente, BORRUSSO.

Marcelo Vargas disse...

Amigos, são duas da matina. Acabei de terminar a segunda parte da história "Divina Incompetência". Sinceramente este post de vcs é grande demais e eu tô com sono. Passei aqui pra divulgar a historia que está no www.coposujo.blig.com.br , mas me comprometo a voltar amanhã e ler isso aí tudinho! Falou galera!

Marcelo Vargas disse...

Conforme prometido, cá estou, li o texto. G-zuis, tá muito bom, parabéns ao Borusso.

Só gostaria de complementar com minha opinião o caso Kalil/Multiplan: algo que envolve tamanho montante de dinheiro a sombrear um grupo de "conselheiros" que adoram dinheiro, é muito arriscado, e por pouco o Galo não entrou pelo cano. E a participação do Kalil no caso nos mostra o quanto a perspectiva de ganho pessoal pode se sobrepor ao coletivo: nosso Presidente preferira, então, capitalizar o Clube durante o seu mandato, abrilhantar seu nome na história administrativa do Clube, dando às costas pro futuro terrível que se instalaria após o término de sua gestão. Ou talvez essa sombra tenebrosa pós-Kalil servisse até de contraponto para criar a falsa ideia de um valor ainda maior de sua participação à grande cadeira Atleticana.

Por isso, naquele dia eu concluí que é muito bom que exista um conselho. Mesmo que seja o pior deles.

Gus Martins disse...

Ótimo texto.
Outra referência a ele será feita em breve!

Borusso disse...

:)Brigadão, pessoal!
Prometi a mim mesmo não passar das 50 linhas da próx. vez.

O Marcelo analisou com perspicácia e puxou um pt° mto interessante! Um Galo parlamentarista faz falta.

Tom disse...

Boris se formos parlamentaristas teríamos de disputar o Campeonato IngRês! hehehe...

Tom disse...

Pois é Boris , aprendí a duras penas, acostumado que fui com uma redação acadêmica e literária que: escrever é cortar palavras.
Porém, para corta-las é preciso escrever, escrever e escrever muito. Dói, mas depois a gente acostuma com a impossibilidade de dizermos tudo que queremos de uma só vez.

Borusso disse...

Hooligan é que não ia faltar, Tom. Até o chá ia cair no anti-doping. Talvez rolasse d jg o Alemão tb, chamar a Mutti Merkel num intercâmbio c/ a Dª Lenir.

Na mosca, Tom, Patinhas era bem típico dele! Certa feita o SLA cobrou q o Hearst desse comida à pop. de rua da Gde Frisco como resgate. A neta reclamou q ele "podia ter feito melhor" ao saber q alg. latas estavam vencidas.