sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Semana da Consciência Alvinegra

Belo Horizonte (Que essa tenha sido somente a primeira!) E estava eu em casa, ontem, cumprindo minha saga de cursos online quando explode o MSN. É Breno, primo do Gus – também analista de bagé aqui do FEF – e que, lá de Itabira, na Região Metropolitana da Grande Caeté, manda o petardo: “rola de escrever alguma coisa sobre o dia nacional da consciência Alvinegra”. Puta merda rapaz! Sensacional a sacada, Breno!

Ele fazia alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado no Brasil todo 20 de Novembro. Como ontem já não dava mais tempo (e eu já não tinha condições) pra pensar em nada pra escrever, deixei pra hoje, o que não é pecado mortal, uma vez que o texto do link sugere que a semana do dia 20 é considerada Semana da Consciência (Alvi)Negra. Muita coisa foi publicada ontem, mas pela precisão e pelo rigor das idéias, aliadas a uma escrita severamente sutil, recomendo a leitura desse cara.

Eu já estava com aquela pancada na cabeça quando o Gus fala no MSN: “Breno tá falando pra escrever algo sobre a Consciência Alvinegra”.

A celebração da consciência negra é, na verdade, o ato de chamar a atenção das pessoas para refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Assim, talvez possamos definir Consciência Alvinegra como um momento de reflexão sobre o ato de ser Atleticano. Sobre a inserção do Atleticano na Nação Alvinegra.

Ato de ser Atleticano. Ação pela qual se manifesta a “nacionalidade Alvinegra”. A forma pela qual os “cidadãos” Atleticanos se comprometem com sua pátria. Segundo o Priberam, comprometer tem, entre outras definições, a de tornar-se “responsável, responsabilizar(-se).” Não é parecido com muitas coisas que temos dito aqui? Não é falando em nos responsabilizarmos por nossas partes nesse imenso latifúndio chamado Clube Atlético Mineiro que nós temos tentado (nos) conscientizar a todos? É não comprando esse time, deixando de ir a campo (apesar da absurda vontade de voltar àquele templo mágico chamado Mineirão), que tentamos espalhar o vírus da Consciência Alvinegra.

Ser um “cidadão” alvinegro consciente é não estar alienado aos acontecimentos desse “país” e, principalmente, não ser nem estar alienado quanto ao seu PAPEL nesse país. É assumir a responsabilidade que nos cabe, individualmente; é acreditar que, como parte de um sistema dinâmico, podemos alterar (e devemos, caso necessário) seu funcionamento.

Porque isso tudo nada mais é do que um “sistema composto por elementos interdependentes e que, para que a gente possa compreender o seu funcionamento (sua realidade) não podemos analisar seus elementos de forma isolada”. Já dissemos isso. Significa que cada um tem, necessariamente, RESPONSABILIDADE por este Sistema, este Latifúndio, esta Nação, este Clube Atlético Mineiro que amamos.

Assim, somos TODOS responsáveis pelo ato da conscientização alvinegra. Pelo Ato de Ser Atleticano.

9 comentários:

Gus Martins disse...

Pois que a humanidade vive um embate sério desde que o mundo é mundo. A questão do preconceito não surgiu do nada em tempos recentes, mas data de anos e anos antes de Cristo. É, pois uma das questões interessantes que discute o Etnólogo e cientista político Carlos Moore.
O preconceito racial é analisado por ele a partir de estudos antropológicos que dão essas referências.
Não obstante, o que se vê hoje é uma tentativa um tanto quanto tardia de remediar uma construção humana extremamente perversa. Uma construção que, devido ao tempo quase inimaginável com que se perpetuou, torna-se hoje difícil de desconstruir e ressignificar.
A semana da consciência negra vale também para pensarmos no que a humanidade tem feito contra si mesma, ao ter inventado há milhares de anos seus conceitos e pré-conceitos.

Como bem disse o Jason, temos discutido bastante no FEF a consciência atleticana.
Como o ano 100 foi extremamente fatídico em quase todos os assuntos referentes ao galo, nós (e outros movimentos louváveis, como a ATCAM) tratamos de praticar essa tal reflexão.
Posto que já foram ditas muitas coisas acerca do comportamento questionável de nossa torcida, não pretendo voltar a chover no molhado.
Os 100 anos de paixão desenfreada da massa atleticana nos mostram hoje que muitos erros vividos no CAM têm uma pontinha (uma pontona) de responsabilidade da torcida.
E desconstruir 100 anos de coisas mal feitas não é fácil. Seria pretensão achar que com as reflexões que fizemos (todos envolvidos com a "Revolução Atleticana") por esse ano, trariam algum efeito imediato.
Contudo, sugiro: Inspiremo-nos na semana de consciência negra, utilizemos do que produzimos neste ano e façamos do ano 1 mais um ano da Consciência Alvinegra...!

Breno Souza disse...

Puta merda!!! Não era essa a semente que eu queria ter plantado aqui não. Bom... vamos lá. O que me ocorrera foi um mero trocadilho, mania de Joselito de ser, porém vi nesse trocadilho o tamanho preconceito que temos passado por todos aqueles que fazem acontecer no CAM. Basta parar para analisar com mais cautela no que vos digo: Ano 100, embora todos os demais que estiveram nessa data marcante tiveram seu triunfo no ano posterior, sem esperança de título algum e mais uma vez buscando a luta pela sobrevivência, assim como sofre um preconceito, o time do Galo não conseguiu durante todo o ano expressar respeito e moral. Nessa semana que intitulamos Semana da consciência Alvinegra e pelos ensejos do FEF, pensamo-nos como foi o ano, o quanto fomos omissos e o que pensamos para o próximo ano. Os Holofotes estarão voltados para o centenário do Inter que buscar afastar o fantasma do 100 anos. Valeu FEF por inspirar nós atleticanos em vossos textos e mais que de repente se sentir no meio da massa e arrepiar com hinos de glória e louvor.

Borusso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Borusso disse...

Ainda que com sementes ≠, ficou genial a idea!! E o texto idem!!

Fui a tdos os sítios linkados e curti à beça!
A turma aqui tem um radar apurado haha :) sagaz o 'passar pra qtde indefinida' em Devagar!
Breno, o que é VTDI?

Luta hercúlea a da Nação Atleticana pro indivíduo se enxergar como agente ativo do sistema, conforme em 3697 detalhado.

Jason Urias disse...

Pois é, né Borusso...

Infelizmente, tem sido mais devagar do que desajamos... De 3697naquela época, tivemos 57.391 pagantes no último jogo.

É exemplo claro de que a maior parte da torcida ainda se contenta com tão pouco.

Mas a teoria sistêmica, mencionada em "É devagar" (acho que foi lá mesmo) diz, também, que quando algumas peças do sistema iniciam uma norma forma de funcionamento, uma nova maneira de operar, o próprio sistema reage à tal comportamento apresentando atitude contrária à tentativa de mudança. Em outras palavras, age de forma a manter o funcionamento geral do sistema da maneira anterior.

Talvez possamos enxergar o número de pagantes do último jogo dessa forma: uma tentativa do sistema de se manter em equilíbrio, em homeostase.

Gus Martins disse...

Em um equilíbrio cômodo e doentio... só pra reforçar.

Borusso disse...

Sim, Jason, tem sido mais devagar.
Opostas a quem quer mudanças, há forças significativas como a Globo das Rádios e a Ademg...

O salto de 15x na qtde talvez simbolize uma esperança no aclamado estadista. Que já começou a pipocar...vide o papelão na Ilha.

Nossa, interessante d+ o princípio da teoria sistêmica!! Pensando bem, é freqüentemente pra homeostase que tende a coisa ao se tentar mudanças pro Galo.

Por evolução que represente o estadista em rlç ao 171, o club no geral precisa ousar mais. Novas taças, stadio próprio e assim por diante.

Borusso disse...

Breno citou o Inter, no gancho destes dias e tentando um paralelo com a visão do Gus, sinto que o Atlético luta contra alguns preconceitos ou vira e mexe contra estereótipos atrozes.
A ATCAM sofreu preconceito, ataques há alg. semanas...o Conselho do club e as T.O's amiúde sofrem com rótulos impostos pelo Povão...
algumas acusações às vzes com fundamento; otras não passam de marechalizações ou exagero.

E a mídia nacional tem colocado o Inter como o futuro 1º brazuca a erguer a Copa Sulamericana.
Zezé Lingüiça, de substancial influência na impr. esp. MG, gargalha e agradece em seu camarote.
Ora! 4 clubs bras. a levaram antes. E o Atlético[8)] como não podia deixar de ser, foi o pioneiro em '92.

Msg subliminar ♫ Tradição e Glória - Vienna Como pertencentes a esta Nação, abre-se diante de nós mais esta peleia! A de desconstruir as perversas falácias do açougue--antes que se perpetuem e dfculte combatê-las--veiculadas há quase 10 anos no cinismo do AE e afins; e a louvar os gdes feitos de nossa Nação ao redor do globo.

Jason Urias disse...

Gus, faltou dizer isso que você disse, realmente. A tendência à homeostase NÃO significa, sobremaneira, tendência ao funcionamento "ótimo". Não há consideração qualitativa do funcionamento do sistema quando este tende a permanecer em equilíbrio.
Pode parecer estranho mas, neste caso, equilíbrio não quer dizer funcionamento calmo, tranquilo. Quer dizer, sim, a manutenção da atual forma de operação, seja ela qual for.
Assim, como você disse, se o sistema funciona, predominantemente, de forma doentia, a tendência à homeostase é manter o funcionamento doentio, as relações disfuncionais. E, quando uma peça tende a adotar outra forma de operar naquela sistema, ele imediatamente inicia cruzada contra a peça "rebelde", para que esta permaneça igual, "no mesmo barco.

Exemplos? Ataques à ATCAM, como disse o Borusso, implacável reforço da mídia quanto à presença da torcida no campo...

Borusso, a "Teoria Sistêmica" é, sim, muito interessante. Sua origem, a "Teoria Geral dos Sistemas" é abrangente de tal forma que seus preceitos podem ser aplicados às mais variadas situações.
Minha orientação teórica predominante na Psicologia é a Sistêmica mas, veja, ela é utilizada na Administração, na Biologia (há, inclusive, conceitos que surgiram daqui), na Sociologia, etc.
Entretanto, claro, Freud não morreu e, sempre que se fala em Psiquê, lá está o velho "charutento"...

Putz, "I´ve traveled on the maionese"!